O Governo do Paraná, em parceria com a União, anunciou no último dia 3 um pacote de concessão de rodovias federais e estaduais no estado. Essa iniciativa outorga seis lotes que totalizam 3.368 km e correspondem a R$ 56 bilhões em investimentos. O novo sistema combina uma tarifa de pedágio mais baixa com um aporte financeiro em caso de deságio. Com um desconto de 18% na tarifa, é exigido um aporte financeiro que aja como uma garantia e que pode ser utilizado caso a concessionária enfrente problemas para cumprir com os seus compromissos de investimento.
O leilão das rodovias estaduais e federais do Paraná está previsto para a última semana de agosto e tem a perspectiva de gerar um investimento de cerca de R$ 18 bilhões somente nos dois primeiros lotes, que totalizam mais de mil quilômetros. Sendo um impacto positivo na geração de empregos, na competitividade e no crescimento econômico da região, a estimativa é atrair, ao todo, até R$ 50 bilhões.
Para Silvio Kasnodzei, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (SETCEPAR), a notícia é extremamente positiva para o segmento do transporte rodoviário de cargas (TRC). “Isso, para nós, significa melhorar a produtividade e diminuir custos e riscos. O pedágio só nos traz benefícios, e, com certeza, a maior parte dos usuários das estradas só percebeu o quanto ele é importante quando deixou de existir. Portanto, vemos esse investimento como um grande benefício; vai ajudar o transporte, a indústria e o consumidor final uma vez que reflete de forma direta no preço do frete”, afirma Kasnodzei.
Além disso, o presidente do SETCEPAR está otimista em relação ao desenvolvimento do TRC neste ano, mesmo diante dos desafios econômicos que se apresentam. “Apesar dos sinais que os economistas apontam para um ano difícil, nós temos a convicção e estamos apostando que teremos um 2023 melhor do que o ano anterior”, diz.
Eduardo Ghelere, diretor executivo da Ghelere Transportes, também destaca a importância da concessão para o setor de transporte de cargas. “Vamos olhar para frente e acreditar que teremos rodovias de primeiro mundo para escoar nossa safra, bem como, futuramente, ferrovias melhoradas – visto que o governo do estado também já está buscando viabilizar este projeto – para, então, darmos sequência na nossa produtividade e reduzir o nosso custo”, comenta.
Com o êxito na concessão e na realização das obras, a segurança nas rodovias também será melhor, de acordo com Ghelere. Ele destaca que os índices de acidentes no trânsito no Paraná são assustadores – 78 mil apenas em 2021 conforme o Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de Trânsito (RENAEST), causadas principalmente pela quantidade de pista simples, o que leva a um tráfego intenso de veículos pesados.
Ainda de acordo com o diretor, o pacote de concessão deve elevar o Paraná para outro nível, assim como hoje é São Paulo, com rodovias seguras e funcionais. “Aqui temos uma população bem menor, de 11 milhões de habitantes, contra 44 milhões de SP, mas temos um agronegócio exportador, que continua sendo a máquina que eleva o Produto Interno Bruto (PIB) do país. Além disso, o governo estadual já está buscando viabilizar projetos de melhoria nas ferrovias, o que deve contribuir ainda mais para a logística do transporte de cargas na região”, observa.
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