Toda área profissional possui seu próprio vocabulário e na área de transporte não é diferente. Nas empresas BRT Sorocaba e Consor, o idioma mais falado é o “transportês”, uma linguagem particular e única que é usada por quem está no dia a dia do ônibus.
Seja nos terminais, nas estações, nos pontos de parada, na garagem ou dentro dos ônibus, o “transportês” é a língua-mãe que conecta todos os colaboradores e ajuda na comunicação diária durante a realização das atividades. O vocabulário é peculiar, mas quem trabalha no setor compreende perfeitamente.
Entre funcionários é comum ouvir que um colega é “padrão”, que no começo do trajeto “bate lata” ou que chegou o momento de “bater lavanca”. Aqueles que conseguem uma escala boa são chamados de “peixe”. Se for motorista novato é batizado de “calça branca”. E, todos os dias próximo ao meio-dia é “hora do galo de briga”. Por não serem expressões comuns para o público geral torna-se difícil de entender, mas dentro das empresas BRT e Consor, a comunicação flui muito bem.
Andréa Liupekevicius, Líder e Supervisora de Recursos Humanos, explica que as pessoas que estão entrando no mercado de transporte acham diferente, mas com o tempo se acostumam e no decorrer da convivência começam a falar também.
“Podemos dizer que o “transportês” é como aprender um novo idioma. No começo é estranho, mas conforme vai ouvindo as pessoas se comunicando, vai se acostumando. Nós, do RH, também aprendemos para poder compreender quando chegam algumas demandas. O aprendizado é constante e muito enriquecedor. Algumas expressões são bem curiosas”, explica.
Enquanto o setor de RH fica mais dedicado ao campo administrativo, nos trajetos e dentro dos ônibus, circula o Supervisor de Tráfego, Reginaldo Ribeiro, que também observa o desenvolvimento desse vocabulário no dia-a-dia e afirma que a linguagem do “transportês” é muito espontânea e tudo acontece de forma natural.
“Já estamos tão no automático que se mudar a forma de expressar de algumas palavras, acho que nem iremos compreender. Funcionamos e nos entendemos com esse dialeto, o trabalho é executado com a mesma qualidade, atenção e segurança”, complementa.
Glossário
Bater lata: andar com ônibus vazio.
0800: passageiro gratuito.
Padrão: dirige articulados.
Peixe: tem a melhor escala.
Meia roda: motorista barbeiro.
Roda presa: motorista lerdo.
Pegou ar: o motorista ficou bravo.
Casca dura: motorista grosseiro.
Calça branca: motorista novato.
Camisa branca: fiscal.
Chefia: supervisor.
Bater lavanca: hora de trabalhar.
Passariando: motorista que anda com o ônibus em zigue-zague.
Encarroçado: quando o manobrista passa para o motorista.
40 janela: ônibus.
Hora do galo de briga: almoço.
QRX: refeição ou lanche.
Pelego: puxa saco.
QRU: namorada/esquema.
B.O: problema.
Treta: briga ou encrenca.
QTH: local.
QTR: hora exata.
QSL: entendido.
QTA: deixa quieto.
QTO: banheiro.
X9: quem entrega.
TKS: obrigado.
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