Nos últimos vinte anos, os desembolsos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) direcionados a infraestrutura de transportes somaram R$ 705,02 bilhões. O montante corresponde a 19,3% do total de recursos aplicados pelo Banco de 2004 a 2023. O valor é expressivo, representa 208,7% (mais que o dobro) do total pago pela União em investimento em transporte no mesmo período (R$ 339,42 bilhões).
As informações fazem parte do novo volume da Série Especial de Economia – Investimentos em Transporte. A publicação com o título “BNDES: Financiamentos à infraestrutura e às empresas de transporte nos últimos 20 anos”, lançada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), nesta quinta-feira (6), analisa o papel do BNDES para o financiamento da infraestrutura de transportes e às empresas do setor para a formação do seu estoque de ativos no período de 2004 a 2023.
Os R$ 705,02 bilhões liberados pelo Banco para investimentos na infraestrutura de transportes nessas duas décadas foram aplicados da seguinte forma: 60,0% no modo de transporte rodoviário (R$ 423,42 bilhões); 8,4% para o transporte ferroviário (R$ 58,94 bilhões); e 16,9% para outros transportes (R$ 118,88 bilhões). O percentual para as atividades auxiliares ao transporte foi de 14,7%, que representa R$ 103,77 bilhões.
Nesse intervalo de tempo, o direcionamento médio de recursos do Banco como um todo em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) é de 2,2% ao ano, com um patamar máximo de 4,3% do PIB atingido em 2010. O transporte representa uma parcela considerável desse percentual. Na média do período considerado, os investimentos para financiamentos em infraestrutura do setor também foram expressivos: 0,4% do PIB.
O estudo mostra que o BNDES tem papel imprescindível para viabilizar a ampliação da oferta e a melhoria da infraestrutura de transportes e de mobilidade urbana, o que é determinante para a redução de custos logísticos e ampliação da competitividade da economia brasileira. Nesse sentido, a CNT defende o fortalecimento da atuação do principal banco de desenvolvimento do país, seja por meio da concessão de financiamentos diretos ou do seu papel mais recente na estruturação de projetos para concessão à iniciativa privada e como garantidor de operações de crédito.
A gerente executiva de economia da CNT, Fernanda Schwantes, ressalta que no Brasil a participação do crédito no PIB é historicamente baixa, em torno de 55,6% nos últimos 20 anos, o que tem impactos sobre a taxa de investimentos da economia. “Mesmo em países que já contam com uma oferta de infraestrutura mais consolidada, o maior nível de poupança e as características do mercado de crédito viabilizam uma taxa de investimento significativamente superior à do Brasil, que não passa de 18% do PIB. A média dos países da OCDE nos últimos dez anos esteve próxima de 22,0%. Em 2022, a China apresentou uma taxa de investimento em capital de 43,3% do PIB e os Estados Unidos, de 22,1%”, ressalta.
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